
Edição de Autor
Dezembro 2022


João Paixão
Black Shallow Waves é um projeto de dois membros, sendo eles Bruno Santos e Hélio Freitas. Apesar de tocarem juntos desde 2001, ainda que outros estilos, iniciaram este projeto por volta de 2015 e agora apresentam-nos aquele que é o primeiro álbum, intitulado “Fragments and Waves”.
Pode-se dizer que este é um trabalho DIY (Do It Yourself), no sentido em que tudo o que nos apresentam, desde a instrumentalização, produção e até mesmo a componente visual, foi feito pelos dois membros da banda. Apesar de ter demorado algum tempo até lançarem o álbum, também derivado do facto de fazerem tudo, esta componente acaba por fortalecer o projeto, no sentido em que é um trabalho bastante pessoal e fiel às pretensões dos mesmos.
“Fragments and Waves” não pretende ser um álbum de topo, mas com certeza que é uma excelente referência no que toca à sonoridade mais suja do post-metal. Com vocais ásperos e um bom trabalho de bateria a complementar, Hélio Freitas transmite-nos bem a sua ira interior, sempre bem reforçado pelas camadas de distorção nos instrumentos de Bruno Santos, assim como os seus vocais secundários, que surgem quando necessários.
É um álbum de sete faixas bem trabalhado e conciso, que abranda quando necessário e nos agarra novamente. Destaco a quarta faixa “Goodbye Tomorrow” pela sua inventividade e detalhes sonoros que fortalecem bastante a mesma. A penúltima faixa, intitulada “Reborn”, é também bastante forte, especialmente a secção final, mais bruta e direta, que se torna importante também pelo facto de nos aproximarmos do final do álbum e ser necessário uma faixa para revigorar a nossa audição.
No geral, “Fragments and Waves” é um bom álbum, que não diverge muito do que é esperado quando olhamos para a sua descrição, mas que também não compromete. Apesar dos membros da banda não terem planos para tal, bem que merecia um lançamento em formato físico.