
Inverse Records
Outubro 2022


LordSir SetePeles
BLACK WIDOWS foi a primeira e, até à data, única banda nacional de metal totalmente formada por elementos femininos (que eu tenha conhecimento).
Oriunda de Almada, iniciaram a sua carreira no ano de 1995, gravaram três demo tapes entre 1996 e 1998 e já, em 2001, assinaram contrato com a Recital Records e editaram o seu primeiro EP “Dark Side Of An Angel”. Nesse mesmo ano a banda faz a primeira parte da tour de King Diamond aquando da sua passagem por Portugal e já em 2002 o primeiro longa duração “Sweet…The Hell” vê a luz do dia. A partir daqui, embora nunca tenham colocado um ponto final definitivo na carreira, entraram num hiato. Em 2018, a Rute e a Mónica, impulsionadas por uma nova força inspiracional, começaram à procura de novos músicos. Com uma formação renovada apresentam-nos o álbum “Among the Braves Ones” oficialmente lançado a 21 de Outubro pela Inverse Records, um álbum a todos os níveis mais maduro e profissional.
Este é um disco surpreendentemente perturbador, pelo impacto, pela surpresa que causa no ouvinte, pelo facto de ser tão puro e genuíno, cheio de feeling. Sente-se a garra e fome de se lançarem às feras, um álbum que certamente irá crescer ainda mais quando tocado ao vivo.
Uma mescla de death/black sinfónico, carregado de melodia mas com uma imensa densidade, com grande força e pujança, instrumentalmente e tecnicamente irrepreensíveis, com uma produção de grande nível. A nível de vocalizações a Rute aqui tem o que para mim é sem dúvida a sua melhor prestação de sempre, onde explora vários tipos de voz, desde growls, a vozes operáticas e mais rasgadas até ao seu típico registo mais lírico.
Tempos velozes e de pura selvageria sónica, contrastantes com momentos de acalmia gótica de melodias obscuras, coros sinistros, e teclados saídos de uma qualquer pelicula de terror dos idos anos 80, dão ao álbum uma dinâmica e variedade impressionante. Todo o álbum carrega uma atmosfera negra e opressiva com explosões de pura raiva, com blast-beats frenéticos e guitarras destrutivas. Temas para todos os gostos sem nunca perder a linha condutora de um álbum verdadeiramente contagiante e viciante, aqui não existem tempos mortos ou para encher. Apesar da sua variedade, tudo encaixa na perfeição e funciona com uma fluidez natural, destacando, a título pessoal, a malha “Philosophy of Fools”.
Não sejam preconceituosos porque independentemente dos rótulos, aquilo que as Black Widows nos apresentam com “Among the Braves Ones” é muito mais que metal gótico, é um álbum que merece ser dissecado com devida atenção, vale cada minuto dos seus quase 49, no final irão considerar o vosso tempo bem investido na descoberta deste excelente trabalho.