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El Puerto Records
Setembro 2022

Rosa Soares

Naturais de Santa Maria da Feira, formados no ano de 2015, os Blind The Eye lançaram o seu primeiro LP “Arise to the Theta State” em 2018 e o EP “Tripolarity” em 2020. Mas é em setembro deste ano e com este LP “The Lion of Lions” que surge o seu primeiro lançamento físico, pela editora alemã El Puerto Records.

“The Lion of Lions”, composto por dez temas, começa com o tema que lhe dá nome. Desde o início que se destaca uma bateria rápida, forte, mas equilibrada e uma voz que nos deixa fixados para lá do rasgado que a caracteriza, como se coexistisse uma segunda voz, quase impercetível. O final deste tema surpreende e remete-me para sons quase tradicionais de um adufe e uma guitarra e é genial.

Segue-se “Aquilifer”, com um início melódico e envolvente, sem perder força e sem nos deixar esquecer que estamos num álbum dos Blind The Eye. Um trabalho de guitarras e secção rítmica fantástico, que em determinados momentos se assemelha a duas músicas sobrepostas em plena complementaridade, característica que se mantém ao longo dos dez temas. A bateria quase que nos metralha, oprimindo a respiração marcando a urgência do ritmo cardíaco. Um dos temas que me agarrou bem a este álbum.

A meio do álbum somos surpreendidos com “Crimson Duskfall”: voz sussurrada e uma sonoridade quase acústica é tudo o que não esperamos deste disco, mas encontramos no início deste tema. E que bem feito está! A ambiência que cria a meio do álbum é de uma riqueza absoluta. Toda a cadência crescente nos leva a um reavivar, redespertar para o que vem a seguir. E o que vem a seguir é a brutalidade de “Imperial Thunder” mostrando que a segunda parte do álbum é tão forte como a primeira e que até ao fim vai ser uma audição de grande peso e força.

“The Lion of Lions” tem como vocalista Ricardo Pereira (Moonshade), uma voz que se funde com o instrumental de uma forma tão natural, que quase nos esquecemos que aquela não é a voz natural. Mas é como se sempre tivéssemos ouvido falar e cantar desta forma. Quanto mais se ouve, mais se gosta. A cada audição descobrem-se pormenores, voltas e reviravoltas que nos envolvem e satisfazem. O instrumental é de uma riqueza tal que não se consegue captar todos os pormenores com uma só audição.

Para mim, um dos álbuns do ano, sem dúvidas ou reservas!

Blind the Eye – “The Lion of Lions”

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