
Signal Rex
Dezembro 2022


LordSir SetePeles
IRAE é uma entidade de culto do Black Metal Nacional que celebra este ano precisamente 20 anos, uma entidade lúgubre que se move na escuridão e que não poucas vezes se ergue das profundezas nefastas para nos atormentar com as suas composições carregadas de negritude e podridão.
Aqueles que estão familiarizados com o black metal sabem que o género surgiu na década de 80 com bandas como Venom, Hellhammer, Bathory , Mercyful Fate entre outras. No entanto foi no início da década de 90 na Escandinávia, em Países como Noruega, Suécia e Finlândia, que se deu o boom do black metal para o resto do mundo. Estas bandas eram caracterizadas por incorporarem em suas letras temas pagãos, satânicos, anticristãos e ocultos em geral, a nível de sonoridade pautavam por uma produção sofrível ou total ausência dela, as guitarras carregadas de distorção debitavam riffs rápidos e repetitivos tocados em tremolo picking, acompanhados por uma bateria desenfreada de blast-beats, intercalados por momentos a meio tempo ou de acalmia total, com o intuito de criar atmosferas sombrias e assustadoras, com vocais ora rasgados, ora guturais, momentos de acalmia de vozes proclamadas ou sussurradas, com o propósito de causar medo, pânico e terror as ovelhas que seguem o rebanho.
Assim é IRAE , assim é “Assim na terra como no Inferno” o álbum, black metal dos primórdios, primitivo, tosco, cruel, ríspido, carregado de ambiências outonais gélidas e sombrias, enraizado nessas décadas passadas mas com a sua própria entidade pessoal bem vincada na cena, aqueles que pensavam que o álbum anterior “Lurking in the Depths” era o álbum de viragem no caminho traçado no underground, com sintetizador incorporado e uma melhor produção bem que se enganaram pois este álbum é um retrocesso nesse sentido, com uma produção do fundo dos pântanos lamacentos.
Acredito piamente que Vulturius, o estratega por detrás desta maquina maquiavélica de produzir Black Metal, está bem se fodendo para a opinião dos que não entenderem nem gostarem do que aqui se pode ouvir, no momento da criação desta obra certamente ele sentiu que seria assim que tinha que ser e soar e foi isso que fez, pois só assim faz sentido criar música, só assim se pode considerar arte, pois se não sair de dentro, se não for genuíno, acaba por ser mais uma merda descartável como tantas outras e isso vai de encontra aos primordiais padrões do que é o espirito black metal verdadeiro e primitivo.
“Assim na terra como no Inferno” não é uma obra megalómana, Vulturius já fez melhor, ainda assim possui na sua essência e genuinidade tudo aquilo que um bom álbum de black metal deve possuir, nunca defraudando e com certeza agradará quem acompanha a banda, só isso é mais que suficiente e mais que muita banda algum dia conseguirá atingir.