
Gruesome Records
Setembro 2022


LordSir SetePeles
Os Lord of Confusion são uma banda de Leiria formada em 2018, constituída por João Fonseca no baixo, Nelson Figueiredo na bateria, Danilo Sousa na guitarra e Carlota Sousa nos vocais e órgão. Senhores de uma confusão bem estruturada e controlada, merecem antes de mais uma saudação metálica por terem apostado e seguido o sonho de tocarem aquilo que realmente gostam e não serem apenas mais uma banda que segue modas, apenas com o intuito de se tornarem grandes e conhecidos.
O que dizer destes senhores da confusão, bem após um EP de 2019 e um single em 2020 apresentam-nos agora o seu primeiro longa duração. Tanto banda como os elementos que a constituem são realmente muito jovens e quem não os conhecer diria que se trata de uma banda que anda por cá há décadas pois o som que fazem remete-nos de imediato para o psicadelismo dos idos e saudosos anos 70 e ao doom tradicional dessa mesma década e posterior, com bandas como Black Sabbath e Electric Wizard à cabeça. No entanto os Lord of Confusion não são uma mera cópia destas referências e conseguem aqui criar o que diria ser o seu próprio som facilmente identificável como Lord of Confusion, aqui reforçada de um peso e densidade extras, ou seja uma sonoridade para a qual muito contribui uma produção bem equilibrada e orgânica que nos permite ouvir cada instrumento, datada e negra na medida certa, mas ao mesmo tempo refrescante, que foge às habituais produções clean e plásticas de hoje em dia que sugam todo o felling e sentimento que a musica nos deve proporcionar.
Nitidamente um salto enorme em frente em relação ao EP de estreia, a parte mais stoner dessa estreia foi engolida pelos gordos e demolidores riffs doomescos, enquanto em determinadas partes o órgão da Carlota se sobrepõe imponente e altivo, como é bem representativo no artwork do álbum, onde os tubos do órgão se erguem da torre da Igreja. Quanto às vozes confesso não ser grande fã de vozes femininas no metal, mas aqui tudo flui naturalmente e encaixa na perfeição com a sonoridade praticada, os growlers criam ainda mais peso e densidade à atmosfera geral do disco já por si bem espessa.
“Evil Mystery” é um grande álbum para se degustar com calma a contemplar as frias e carregadas paisagens outonais pejadas de contrastes e sombras pinceladas de cores neutras, num qualquer bosque perdido no meio do nevoeiro das serras.
Bem fica um conselho se querem ouvir boa música que vos faça companhia nestes dias chuvosos, não procurem lá fora quando temos melhor cá dentro.