
Edição de Autor
Julho 2022


João Paixão
Diretamente da cidade Invicta chega-nos o segundo álbum dos Moonshade, intitulado ”As We Set the Skies Ablaze”, lançado de forma independente.
A formação conta com Pedro Quelhas e Luís Dias nas guitarras, Nuno Barbosa nas teclas e no baixo, com Ricardo Pereira a assumir a voz principal. O álbum completa-se com Diogo Mota (Gaerea) na bateria e as participações notáveis de Sandra Oliveira (Blame Zeus) e Sofia Beco (Phase Transition).
A expectativa inicial é amplificada pela belíssima arte presente na capa, mas, como tudo na vida, não basta apenas uma boa aparência, é preciso conteúdo. E é exatamente aqui que os Moonshade prosperam. Primeiramente, salta-nos à audição a enorme qualidade da produção. A primeira faixa “Epitaph” desde os momentos iniciais que nos mostra ao que viemos, contando com riffs sólidos, guturais bastante adequados e a bateria de Diogo Mota em grande destaque.
O álbum vai progredindo e vão-nos sendo apresentados vários elementos novos, como vocais limpos e mudanças de velocidade que, apesar de não fugirem muito ao que é esperado num álbum de melodeath, contribuem massivamente para nos prender ao mesmo.
O conteúdo lírico é bastante complexo e explora a teologia e a filosofia sem entrar em clichês que se encontram presentes em inúmeros álbuns de metal. A complexidade lírica mostra também que este álbum dos Moonshade é uma arte de várias camadas, que pode ser explorada em diferentes abordagens.
A faixa-título “As We Set the Skies Ablaze” é a que mais se destaca através de partes da letra mais sonantes, momentos que entram no domínio do thrash metal e múltiplas variações dentro da faixa que enriquecem a mesma.
No cômputo geral, “As We Set the Skies Ablaze” é um álbum muito consistente e direto. Os Moonshade estão claramente a jogar em casa e, apesar de não ser um trabalho muito distinto de outros do mesmo estilo, beneficia fortemente da química entre os membros da banda, da qualidade de produção e das participações especiais.