
Signal Rex
Fevereiro 2023


LordSir SetePeles
Penitência é um projeto de Nelson de Sousa (Pestilens) nos instrumentos e Pedro Caldeira (Devasth) nas vozes e ambos já cá andam há uns bons anos a mandar pazadas de terra para o abismo negro, em bandas como Inthyflesh, Lux Ferre e Nightrealm, (apenas para citar aquelas onde ambos estão ou estiveram). Os Nightrealm na verdade são os atuais Penitência, que se iniciaram no sinuoso caminho de negrume no longínquo ano de 2001 e sob esse nome editaram em 2005 o split com Irae de seu titulo ” Destroying Your Existence”, em formato cassete. Nesse mesmo ano mudaram de nome para Penitência e em 2006 editaram um split com Thy Black Blood, Irae e Ars Diavoli, de seu nome “Black Throne of Disease”. Após este lançamento entraram num hiato até aos dias de hoje.
Penitência em “Das Sombras Luz” reinventou-se e pouco ou nada tem a ver com aquilo que nos tinham dado a conhecer até então. Cresceram desmesuradamente, ergueram-se da sombra e fez-se luz, na forma de quatro andamentos: “Descrença”, “Grito”, “Silêncio” e “Desmoronamento de Cinza”. Um trabalho a todos os niveis grandioso, começando logo pela coragem de arriscar e não seguir qualquer formula pré-concebida, seja por todo o conceito. Liricamente é irrepreensível, seja a forma de composição que eu vejo/oiço como se de uma obra/peça de música clássica se tratasse, com vários andamentos interligados entre si, até mesmo pelo próprio som das teclas e guitarras, diria que é uma peça clássica transformada em metal negro. Uma obra que não é perfeita, tem as suas pequenas falhas, irrelevantes diga-se, mas são essas falhas, principalmente na produção, que torna o trabalho tão humano, verdadeiro, sincero e original. Como sempre digo a boa música não se sente numa excelente produção, mas sim no feeling e emoções que nos transmite e nesse sentido Penitência rebentou com tudo, em suma, excelente!
Vapulah por sua vez, é um projeto formado em 2003, composto por Sephirus (guitarra e bateria programada) e Alvahagal, (vocais e letras), ambos ex – Acceptus Noctifer. Lançaram duas demos, em 2004 e em 2006, com os títulos, “Auric Landscapes and Decadence” e “Depressive Caterwaul of the Sombre Figures”, respetivamente.
Vapulah em “Das Sombras Luz” segue outra via, mais rápido, rispido e agressivo sem, no entanto, defraudar de forma alguma a qualidade inerente aos músicos que integram este projeto. Infelizmente não atinge os mesmos níveis de qualidade composicional nem de originalidade de Penitência. Também seria dificil, mas ainda assim têm argumentos válidos mais que suficientes para ser considerado um óptimo trabalho, que ao cair do negro pano, têm a capacidade de nos surpreender, com a derradeira malha “A Noite dos Tempos”, uma peça acústica com sonoridades árabes, narrada e com cânticos em coro, deveras muito interessante.
Ambos os projetos nos apresentam aqui malhas de alto nível, com excelentes ideias e criatividade, que nos deixam na expectativa para aquilo que nos podem vir a apresentar no futuro, que esperamos não seja muito moroso.
A edição deste soberbo split ficou a cargo da editora nacional Signal Rex, uma excelente edição digipak em formato A5, com booklet de 12 páginas.