
Bitter Loss Records
Dezembro 2022


LordSir SetePeles
Rotten Coffin é uma banda de death metal formada em 2020 no Funchal por Zé Rodrigues e Guilherme Abreu, nos instrumentos, ambos ex-Altar of Pain, ex-Siamese Cancer entre outras, e Devourer, também dos Deviant Syndrome e Warder.
A demo tape editada em Janeiro de 2021 era um bom prenúncio do que estava por vir. Com apenas três músicas em quinze minutos deixou a malta a salivar por mais mas creio que ninguém esperava que o que viria a seguir seria um monstro colossal destes.
“The Agony in Slumber” tem todos os ingredientes do death metal old-scool, mas aqui não se cingem a serem apenas mais uns meros clones de milhares de bandas já existentes, se bem que para esta receita mandaram para dentro do caldeirão influências de bandas como Cannibal Corpse nos riffs contundentes, andamentos à Morbid Angel e melodias e ambientes à Immolation. Independentemente das influências os Rotten Coffin traçam o seu próprio perfil e dão à música uma roupagem e cunho pessoal, sem qualquer receio de arriscar e de experimentar, introduzindo várias dinâmicas à musica nomeadamente nas vozes que nunca caem na monotonia e repetição, com solos por vezes excelentes carregados de melodias. Cada música tem potencial e sobrevive só por si sem fillers para encher, aliás os 43.50 minutos de duração do álbum passa num ápice.
“The Agony in Slumber” começa com uma intro aterradora que te deixa em alerta para de rompante te darem um espancamento selvático daqueles que até ficas com as trombas no chão a implorar misericórdia. Mal tens tempo de respirar e és logo atirado para o segundo round e assim sucessivamente até à quinta malha e quando pensas já não haver esperança eis que surge um momento de introspeção e reflexão com um interlúdio negro e depressivo estrategicamente colocado ali para darem uma réstia de esperança. Dá-te tempo para que possas recuperar forças e repor energias para logo de seguida voltares seres atirado para o turbilhão de brutalidade onde de novo és sovado intensamente até ao décimo round. Para finalizar tens um momento de introspeção só para ti, momento para libertares a alma do corpo moribundo e despedaçado.
Uma produção quente e orgânica que deixa respirar os instrumentos, sem ser demasiado polida e plástica como infelizmente acontece demasiadas vezes, um artwork de excelência, em suma uma obra completa.
Um álbum para figurar na lista final de candidatos a melhor do ano, não só a nível nacional porque não existe um divisor e o metal português está ao nível e com power para ombrear com o que de melhor se faz a nível mundial, agora só resta que nós lhe demos o devido valor.