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Atomic Fire Records
Agosto 2022

Carlos Guimarães

Quando surgiu a notícia da saída do Mike Gaspar dos Moonspell aposto que poucos adivinhavam que passado tão pouco tempo ele conseguisse formar uma nova banda e lançar um disco com a qualidade deste “Maledictus”. Sim, é verdade que os Seventh Storm beneficiam do facto de terem um ex-Moonspell (ainda mais alguém com o carisma e experiência do Mike) no núcleo da sua formação mas ninguém pode negar os méritos desta estreia musical da banda.

Logo à partida notamos que este é um trabalho feito com alma mas onde todos os pormenores foram bem pensados, com uma riqueza em termos de composição que é puro reflexo da qualidade e experiências dos músicos que compõe os Seventh Storm. Para além do Mike Gaspar, a base rítmica é completada pelo baixista Butch Cid que mostra em “Maledictus” alguns belos pormenores como por exemplo em “Haunted Sea” ou “The Reckoning”. A dupla de guitarrista, formada por Ben Stockwell e Josh Riot, traz uma frescura a este disco só ao alcance de executantes de qualidade que trouxeram a experiência de outros géneros para este disco de heavy metal. E o que dizer do vocalista Rez neste disco? As palavras são difíceis de encontrar, exceptuando que seria difícil para os Seventh Storm encontrarem melhor voz para transmitir o espírito que exala deste “Maledictus”. Contam-se pelos dedos das mãos os vocalistas que me conseguiram arrepiar a ouvir um disco e o Rez é um deles.

Musicalmente este disco é heavy metal, com uma sonoridade mais norte-americana que europeia, mas que ao mesmo tempo consegue respirar alguma portugalidade, no bom sentido do termo. “Maledictus” é um trabalho com intensidade e melodia quando necessários, espaços para respirar e para que cada um dos músicos assuma o protagonismo no momento certo. E engane-se quem julga que este álbum se limita ao “Saudade”. Malhas como “Inferno Rising”, “God’s of Babylon” ou os já referidos “Haunted Sea” e “The Reckoning” transmitem as diversas faces que os Seventh Storm têm, mantendo sempre uma identidade muito própria.

Resta agora esperar pelo desenrolar do percurso da banda, já sem a calmaria da pandemia que serviu de pano de fundo à criação deste disco, e confirmar se ao vivo mantêm a mesma bitola de excelência.

Seventh Storm – “Maledictus”

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