Prophetical Productions
Março 2023
LordSir SetePeles
Esta será uma crítica relativamente curta porque há muito pouco a dizer sobre este álbum, só escutando e sentindo na pele se consegue ter a real noção da miséria, sofrimento e dor. “Os Anjos Não Velam os Mortos” trata-se de uma longa jam session dividida por 4 partes que na sua totalidade atinge quase os 50 minutos de duração.
Funeral doom metal, é um subgênero muito difícil de ouvir. É necessário estar realmente familiarizado com a causa e fundamentalmente gostar do estilo, caso contrário, pode ser uma experiencia dolorosa de suportar, se bem que o objetivo primordial é esse mesmo, causar desolação e agonia ao ouvinte.
Se és dos poucos resilientes que gostam de ser severa e dolorosamente castigados, sejas então muito bem-vindo à dura e cruel decadência humana!
Velar é mais um projeto que se ergueu do negrume das cavernas soterradas no espesso nevoeiro que se abateu sobre o mundo no período pandémico. Surgido das mentes criativas e doentias de P. Tosher, na bateria e Belial Necro nas guitarras, teclas e vozes, que se mantiveram em cativeiro numa qualquer caverna escura por infindáveis horas, notoriamente com a mente entorpecida por substâncias psicotrópicas e muito álcool.
O peso das guitarras afinadas em tom baixo, as batidas de bateria lentas, robustas, interagem perfeitamente com as teclas mais suaves que criam ambientes e paisagens lúgubres, sussurros assustadores e tristes criam uma mistura soberba capaz de evocar atmosferas negras e medonhas, os rosnados, vozes do além, saídas das profundezas do túmulo bafiento, sugam-nos a alma e fazem-nos tremer.
A música arrasta-se numa nostalgia magistral e niilista, dolorosamente suicida. Apelando aqueles que sofrem em solidão, ouvir “Os Anjos Não Velam os Mortos” é uma experiência profundamente catártica, emocionalmente devastadora, miserável e nauseante, uma parede espessa de agonia que suga o ar e te esmaga o peito, retirando-lhe todo o oxigénio, uma nuvem cinzenta e atmosférica de angústia mental. “Os Anjos Não Velam os Mortos” é a companhia perfeita para noites invernais e gélidas de solidão.
De realçar o excelente artwork a cargo do Nuno Zuki, ou como se apelida aqui neste trabalho, Belial Necro e da sua Belial NecroArts, que se enquadra perfeitamente com o conceito do álbum. O álbum foi editado a 25 de março, em formato CD, limitado a 200 unidades, pela editora nacional Prophetical Productions.
