
Mars Productions
Maio 2021


Rosa Soares

Carlos Guimarães
Os Wrek Age nasceram nos Açores, com o nome inicial de Black Diamond, em 1985, o qual mudaram para Wrek Age três anos mais tarde, por se adaptar melhor a sua forma de estar. Com músicos bastante jovens (o mais velho tinha 20 anos na altura da sua formação), uma atitude que se demarcava e um som diferente do que habitualmente se ouvia, ficaram conhecidos como a primeira banda de hard ‘n’ heavy açoriana, inspirando toda uma geração de músicos do arquipélago.
A banda tem apenas dois lançamentos: a demo “We Love It Loud”, lançada em 1990 , que consta desta edição da “Azorean Heavy Metal Collection 1980-2000”, e um CD lançado em 2015, intitulado “We STILL Love It Loud” que compila a demo e junta o tema “Still”, gravado em 1992, nunca editado até então.
Ouvir esta demo, com o seu som tão próprio da falta de meios com que se gravam as demos da altura (de salientar que “We Love It Loud” tem um som muito superior à maior parte das demos daquele tempo), desperta memórias de outros sons e de outras bandas, essas sim bem conhecidas. Ao ouvir Wrek Age, o que nos desperta logo o ouvido é a voz melodiosa, as guitarras a puxarem a si o protagonismo e uma secção rítmica que tinha tudo para se destacar. No entanto, as divergências internas entre alguns dos elementos fizeram com que os Wrek Age terminassem prematuramente, deixando um vazio no hard ‘n’ heavy açoriano, que muito bem poderiam ter preenchido e levado para fora dos Açores.
Ficamos com os registos, agora recuperados nesta colecção de cassetes, pela louvável iniciativa de Paulo Andrade e Mario Lino Faria, que para além de fazerem as delícias de coleccionadores e melómanos, são uma belíssima forma de homenagear e não deixar cair no esquecimento, a história do heavy metal, não só açoriano, mas acima de tudo, português!
Como curiosidade, saliento o facto de os Classic Rage (uma outra banda açoriana) terem na bateria, Nelson Neto e no baixo, Paulo Melo, dois ex-membros dos Wrek Age.
Rosa Soares
O lado B deste terceiro volume da “Azorean Heavy Metal Collection” não poderia ser esteticamente mais diferente do lado A. Os Sanctimoniously tiveram um curto mas impactante percurso no black/doom metal Açoriano em meados da década de noventa do século passado, com o único lançamento oficial a ser a demo “The Fire Still Burns”.
Nesta reedição estão incluídos os três temas que fizeram parte desta maquete: a intro “The Fire Still Burns”, a inquietante e perturbadora “Infernal Masturbation” e a abrasiva “Angel Dusk”. Se aqui o black metal era o que mais imperava, nos restantes três temas desta cassete temos uma sonoridade mais cuidada e dentro do death/doom metal com laivos de black sinfónico. Estas músicas pertencem à demo nunca editada “Always Cruelty” que reúne o tema-título, “Misterious Ways” e “Shadows of Love” (será este um preâmbulo da “Infernal Masturbation”? 😀 ).
Auditivamente mais agradáveis, estes três temas mostram que o grupo micaelense ia no bom caminho mas, tal como muitas outras bandas, terminaram cedo demais a sua carreira.
Carlos Guimarães