
Larvae Records
Dezembro 2022


Miguel Correia
Os Xeque-Mate, considerados por muitos como uma das principais bandas de rock pesado e “pais” do heavy metal nacional, trouxeram à luz do dia, seis anos depois de “Æternum TestΛmentum”, um novo disco intitulado “Não Consigo Manter A Fé”. Este disco é sem dúvida uma adição emocionante à curta discografia da banda, pois trata-se de um grande álbum de rock pesado que se destaca pela sua sonoridade simples, mas intensa.
A abertura do álbum é feita com a faixa “Quase Esqueci A Tua Cara”, que conta com a participação especial de Rute Fevereiro, (Black Widows e Enchantya) e é uma música intensa e cativante, que imediatamente prende a atenção. A letra é forte e reflexiva, tendo este tema sido escolhido como primeiro single e tenho de confessar que quando me foi dado a ouvir numa versão “quase final”, fiquei bastante agradado com a sua sonoridade.
Depois vem mais um grande momento, falo de “Rastejantes”, um tema pesado, rápido e onde se sente uma essência única da inconfundível voz de Xico Soares, afinal, a imagem de marca dos Xeque-Mate!
“Mais Além” e “Acordar do Caos”, trazem com elas o peso e o brilho do trabalho de guitarras de Artur Capela e Tiago Costa, tudo flui de forma simples, mas como referi inicialmente, intensa.
“Não Consigo Manter A Fé” é um tema mais cadenciado, que sai para um refrão acelerado e muito cativante. Digam lá quem depois de a ouvir não fica a cantarolar: “Não consigo manter a fé sem perder a ilusão”?
“Macau” é um instrumental de autoria de Artur Capela, que em pouco mais de dois minutos explora sonoridades orientais. Um prodígio de técnica.
Aproveito aqui para reforçar o excelente trabalho dos dois guitarristas da banda e a eficiência do “BackOffice” prestado pelo Joaquim Fernandes (bateria) e o José Queirós (baixo). Irreverência e a experiência ao mais alto nível!
Depois a coisa corre para o final voltando ao peso com “Até Que Esta Voz Me Doa” que abre a porta para um momento mais atmosférico, melódico e envolvente com “Coisas Que O Tempo Não Cura”, que é daquelas que toca na alma e dá vontade de ouvir vezes sem conta…não podia estar mais de acordo com o Xico Soares…há mesmo “coisas que o tempo não cura”. Que música! É daquelas que mexeu comigo profundamente. A letra é incrivelmente poderosa!
Sem perder o rumo e a energia das suas raízes de rock pesado, “(Estes) Cães Que Mordem”, que conta a participação especial do Coro Ensemble Vocal Notas Soltas, fecha o alinhamento do álbum, quiçá mais saudado.
Nota final para a excecional produção, a cargo de Bruno Silva, que realça muito daquilo que é a essência da banda, num trabalho que certamente agradará não só aos fans de sempre dos Xeque-Mate, mas também a todos aqueles que apreciam o estilo e ainda por cima cantado na nossa língua.