O Centro de Arte de Ovar (CAO) recebeu no passado dia 29 de maio a 12.ª data da digressão Soombra dos Moonspell. O sucesso desta passagem da banda nacional por várias cidades do País foi retumbante, tendo esgotado praticamente todas as salas.
Pessoalmente as expectativas eram altas, especialmente depois de já ter visto os Moonspell em formato acústico na primeira versão do Sombra. O palco do CAO estava criteriosamente decorado, com sobriedade e sentido estético e cedo a sala encheu para ouvir os acordes iniciais de “handmadegod”. A presença do trio de cordas “Magnetic Strings” engrandece de sobremaneira a música, alicerçada na secção rítmica a cargo de Hugo Ribeiro (bateria) e Aires Pereira (baixo). O trabalho na guitarra de Ricardo Amorim é simplesmente fenomenal, complementado com a sua participação vocal que serviu muitas vezes de suporte à voz de Fernando Ribeiro. Pedro Paixão dividiu-se entre as teclas e a guitarra e é um dos principais maestros desta transformação de malhas como “Southern Deathstyle” ou “Wolfshade” em grandes obras acústicas. Destaco ainda músicas como a “White Skies” ou “Scorpion Flower” que neste formato ganham vida própria.
O Fernando Ribeiro sente-se como peixe na água (ou melhor um lobo na floresta) em palco. Com um sentido de humor sempre presente foi contando pequenas histórias, dando apartes e piadas mas normalmente de uma forma quase didática. Desde desafiar o público a revelar o autor da frase “Primeiro estranha-se, depois entranha-se” (Fernando Pessoa), a brincar com o “terremoto” da passagem de Taylor Swift em Portugal ou a dedicar a “Second Skin” aos homens de barba rija que vieram arrastados pelas namoradas.
Nos coros a Eduarda Soeiro e a Cristiana Félix são sem dúvida também muito responsáveis pela qualidade do espetáculo, criando momentos que realmente nos fizeram arrepiar. De destacar ainda a presença do guitarrista Ricardo Gordo que, com a sua guitarra portuguesa, tornou a “Alma Mater” ainda mais lusitana. Juntamente com Ricardo Amorim foi também responsável por outro momento alto: a “Chorai Lusitania!”
Para terminar ficou a versão de “Os senhores da guerra” dos Madredeus e a “Full Moon Madness” que custou a arrancar mas fechou esta noite em grande.
A data final desta digressão Soombra será no dia 27 de setembro no Teatro Cinema em Fafe, estando agendada a gravação em DVD deste espetáculo.
Texto: Carlos Guimarães
Fotos: Nuno Reis
Captação Vídeo: Carlos Guimarães e Nuno Reis
Edição Vídeo: Carlos Guimarães