Cães de Guerra – “Trono de Sacrifícios”
Data: Março/2024
Edição: Firecum Records
Formato: Álbum
“Irmãos bem-vindos ao apocalipse…”
São assim dadas as boas-vindas aos ouvintes de “Trono de Sacrifícios”, o novo álbum de Cães de Guerra, de LordSir7Peles.
Naturalmente comparando ao seu antecessor, “Cabras, Cães & Leite de Bode”, este novo trabalho apresenta-se como uma obra mais madura, estruturada e reflexiva, sem perder a energia caótica e a estética sombria, continuando a proliferar sonoridades densas e muito coesas de Necro Rock n’ Roll, um subgénero do rock que surgiu no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, combinando elementos do rock and roll, punk rock e heavy metal com temas líricos macabros, mórbidos e de horror, numa mistura de Speed, thrash e black metal.
A homogeneidade é sentida ao longo de toda a audição. As músicas estão mais fluidas, criando um todo unificado que guia o ouvinte por uma jornada sensorial soturna e macabra, criando um ambiente propício para a exploração de temas líricos mórbidos e reflexões existenciais. As letras, embora sóbrias e sérias, revelam camadas de significado que convidam o ouvinte a uma análise profunda das mensagens transmitidas.
Apesar da seriedade geral do álbum, “Trono de Sacrifícios” não se limita à escuridão. Há espaço para explosões de energia e humor ácido em momentos pontuais, que contribuem para a sua dinâmica e o tornam ainda mais interessante. Essa dualidade entre a seriedade e a irreverência é uma marca sentida ao longo de todo o disco e atenção, “Trono de Sacrifícios” pode exigir um investimento maior de tempo e atenção por parte do ouvinte. A complexa teia de sons e significados pode não ser imediatamente acessível, mas certamente recompensará aqueles que se dedicarem a explorá-la com mente aberta…primeiro estranha-se, depois entranha-se!
Destaque ainda, por entre os dez temas que o compõem (sendo um deles a intro “Ritual do Apocalipse”), para a versão de “Satã Apareça”, da banda brasileira Velho, que emerge como um hino profano e que ecoa pelas profundezas, convocando o caos e a destruição. Mais do que uma simples canção, ela representa a essência da banda brasileira e a sua filosofia niilista e anticristã e que aqui alinha perfeitamente naquilo que nos é dado a ouvir.
A fechar reforço que “Trono de Sacrifícios” não é um disco de fácil assimilação, mas, acreditem que depois de lhe darem uma oportunidade não vão dar o vosso tempo como perdido.
Miguel Correia
Nota da Review: 8
Nota da Equipa: 7,3